terça-feira, fevereiro 14, 2012

O meu tempo com os Cast A Fire chega ao fim.

Hoje é o dia em que esta noticia torna-se publica, e eu acho que posso falar sobre este assunto descontraidamente (quase como que em tom de desabafo) e explicar na primeira pessoa porque é que decidi sair da banda. Não se trata somente de querer seguir um rumo diferente, durante todo o tempo em que estive na banda consegui tocar com outras pessoas diferentes e até mesmo promover a musica que faço em nome próprio, e Cast A Fire nunca foi um impedimento para que pudesse fazer outras coisas, sempre soube gerir o meu tempo de modo a cumprir com todos os meus compromissos e tenho certeza que isso não iria mudar agora. A razão principal que me levou a tomar esta decisão foi o facto de perceber que eu não consigo seguir para a mesma direção criativa que os restantes elementos. É algo muito simples. Somos quatro pessoas diferentes com gostos distintos e à medida que o tempo foi passando fui percebendo que as minhas influencias e ambições para esta banda apontavam para um caminho diferente. O facto desta banda ter começado como um projeto do Bruno e os membros começarem a entrar depois do disco estar pronto, também teve alguma influencia para que isto acontecesse. Cast A Fire começou como uma banda de Metal, e não é do dia para a noite que isso vai mudar. Para ser sincero eu sou o rapaz que gosta da entrega dos The Chariot, da intensidade dos At The Drive In e procuro ter na musica que faço acima de tudo uma sinceridade transparente um pouco semelhante à dos Touché Amoré. Porque é que eu sinto a necessidade de mencionar estas bandas? São só exemplos, mas ajudam-me a explicar que foi fácil perceber que muito dificilmente conseguiria sentir a musica de Cast A Fire de uma certa maneira, quando me deram a entender que para a maioria dos elementos da banda a importância de bandas como os Bad Brains era irrelevante para a música que iríamos escrever juntos. Eu acho que quem gosta da música que mencionei a cima irá compreender a distancia criativa existente entre nós. Mas atenção, com isto não quero de modo algum fazer parecer que me sinto superior a eles só porque ouço musica diferente, apenas tentar mostrar que nem sempre é bestial gostarmos de coisas tão diferentes, pois isso pode trazer alguma discórdia. Foi uma das decisões mais difíceis que tomei em toda a minha vida, mas creio que seria inevitável. Os Cast A Fire precisam de um baixista que esteja em sintonia com o que eles querem fazer, foram muitas as vezes em que senti que estava a ser um impedimento para que a banda pudesse progredir. Todos nós concordamos que temos de fazer musica que se distingue de todas as outras bandas que conhecemos e acima de tudo que não seja datada, e eu cheguei à conclusão que uma das melhores maneiras de fazer isso acontecer será afastar-me desse processo. Foi à cerca de três anos que o Bruno me convidou para integrar neste projeto, e foram três anos cheios de coisas boas, grandes aventuras e muitas experiências que provavelmente não voltaram a acontecer. Estou muito grato por tudo o que eles foram para mim e tudo o que me deram. Foram três anos que me fizeram crescer bastante, e hoje isso é evidente. Foram três anos em que dei tudo o que podia e tenho muita pena que as coisas que tenho para oferecer neste momento já não se enquadrem no futuro da banda. No entanto continuamos todos muito amigos, e vou fazer o que estiver ao meu alcance para conseguir apoiar esta banda. Nenhuma das datas que temos marcadas será cancelada, ou seja, terei todo o prazer de tocar no dia 2 de Março na Capricho de Setúbal e no dia 5 de Abril no Music Box em Lisboa, estes serão os meus últimos dois concertos com a banda. Só desejo o melhor para todos eles e tenho a certeza que as pessoas irão ouvir falar muito sobre esta banda.


2 comentários:

Diogo Martins disse...

Atrevo-me a dizer que adoro Cast A Fire e que a tua partida, para mim como fã, acaba por trazer um vazio a todos os fãs da banda. Um abraço e que continues com essa vivacidade e força musical que tens!

Yin disse...

Entendi cada palavra como se fosse minha. Infelizmente o meu histórico com bandas não é o mais feliz, mas como dizes, há alturas em que percebemos que não podemos dar mais de nós ao projecto em que estamos, mas isso não deixa de ser uma decisão difícil que magoa. Mas sabes que quando olhares para trás vais ver que foi a melhor decisão que tomaste. "para o bem de todos". Força nisso, mano!

Inês B.